terça-feira, 10 de março de 2009

A Era da Cegueira


Há alguns anos atrás fazer faculdade era sinônimo de estudar fora. Sair de casa, abandonar a barra da saia da mãe, mudar de cidade e de amigos. Hoje essa realidade mudou. Muito por causa do surgimento de novas universidades, principalmente no interior. Mas analisando mais profundamente, há também uma questão social muito forte presente nesta mudança.

Eu, por exemplo, comecei a faculdade de jornalismo na Unisinos, porque sempre fui do tipo “quero ser que nem as manas quando crescer”! A mana Roselaine é formada em Psicologia pela UCS (Universidade de Caxias do Sul) e hoje é Doutora e professora na Unisc, e a mana Rosilene é formada em Direito pela Ulbra de Canoas.

Hoje, estou concluindo o curso na Unisc. Dos tempos da Unisinos, guardo boas lembranças dos amigos maravilhosos que conheci, dos professores geniais que me ajudaram, do estágio na AgexCom onde aprendi muito, das panquecas deliciosas do Alemão... Mas também me lembro da pia cheia de louça para lavar, do pobre tanque sempre excluído que sempre perdia as roupas sujas para o tanque da mãe em Santa Cruz, das lágrimas de saudade de casa, da família...

Ao voltar para as origens e adiar a estréia do vôo solo, percebi que muitos conhecidos fizeram o mesmo e conclui que, atualmente, há uma forte tendência entre os jovens de prolongar a mordomia de casa por alguns anos, ao contrário dos tempos acadêmicos das manas. Será a Era da Preguiça? Talvez. Mas prefiro dizer que é a Era da Cegueira. Os jovens estão sempre à procura de exemplos, de modelos a serem seguidos, pois eles precisam se enxergar. E quais são os exemplos que a nossa sociedade apresenta? Mulher Melancia, Mulher Morango, ou Mulher qualquer fruta? Nos anos 80 e 90, as letras das músicas motivavam reflexões sobre política, sociedade e outros temas polêmicos, como fazia a banda Legião Urbana. E hoje somos convidados a refletir sobre o créu e sobre as piriguétis.

Na falta de uma sociedade na qual o jovem encontre seu espelho, ele acaba tendo a família como referência, por mais mal estruturada que esta possa ser. Eu continuo querendo ser “que nem as manas”! Posso ter começado por um caminho um pouco diferente, mas agora se aproxima um novo trecho, e elas serão uma das minhas fortes inspirações que me ajudarão a seguir em frente, seja o destino qual for!

OBS: Créditos para a mana e psicóloga Roselaine que me ajudou com algumas idéias para escrever este texto!

5 comentários:

Coluna da Bianca - Garota Pronty disse...

Realmente, faltam modelos positivos na sociedade que possam representar valores os quais são importantes no mundo atual, como a perseverança, força de vontade, crença em si mesmo, justiça e honestidade!!...Modelos que reduzem a imagem da mulher "a um pedaço de filé ou fruta", ou que ostentam a crença de que vencer na vida é ganhar dinheiro e poder com o mínimo de esforço fragilizam o adequado desenvolvimento emocional...Sou da geração dos anos 80 que, sem dúvida, apresentava muitos problemas, na época, mas ainda tínhamos um trunfo que percebo perdido atualmente: existiam mais modelos que pudessem transmitir e estimular o senso crítico ao jovem...era a época do inconformismo, do querer mais, buscar mais e acreditar que éramos capazes!....Hoje percebo o jovem mais acomodado e distante da ação...Mas, vamos lá, quem sabe isso tudo ainda se reverta!...Parabéns pela matéria, faz a gente pensar!!!

Ju Sizinando disse...

Oi Rose
Encontrei o seu blog hoje e estou adicionando aos meus favoritos. passa lá no meu para dar uma olhadinha também.
Beijão!

mmelz disse...

preguiça de ler...
mesmo assim achei muito bom, Wrose MAria!

Anônimo disse...

perfeito. E muito real.

F. Freda disse...

Muito bom!